O que é um Sindicato?

O que é um Sindicato? 

Bertold Brecht possui um poema simples e direto em relação ao sindicato:

A necessidade do Sindicato

Mas quem é o sindicato?
Ele fica sentado em sua casa com o telefone?
Seus pensamentos são secretos, suas decisões
desconhecidas?
Quem é ele?
Você, eu, vocês, nós todos.

Ele veste a sua roupa, companheiro, e pensa com a sua
cabeça.
Onde more é a casa dele, e quando você é atacado, ele
luta.
Mostre-nos o caminho que devemos seguir e, nós seguiremos
com você.

Mas não siga sem nós o caminho correto.
Ele é sem nós o mais errado.
Não se afaste de nós.
Podemos errar e você ter razão, portanto não se afaste de
nós!

Que o caminho curto é melhor do que o longo, ninguém nega.
Mas quando alguém o conhece e não é capaz de mostrá-lo a
nós, de que serve a sua sabedoria?
Seja sábio conosco!
Não se afaste de nós!

Brecht conseguiu traduzir a essência de um sindicato: associação de pessoas de um mesmo segmento, cuja função é defender os interesses e direitos profissionais de um coletivo, e não atuar como entidade burocrática autoritária.
Há indícios de sindicalismo desde a Idade Média, mas foi na Inglaterra, no período da Revolução Industrial, que o movimento sindical se tornou mais evidente, como resposta à clara e desenfreada exploração capitalista. Trabalhadores assalariados, doentes e desempregados organizavam-se nas ditas “sociedades de socorro mútuo”.
No Brasil, o sindicalismo teve origem na transição da escravidão para o trabalho assalariado, realizado inicialmente por imigrantes europeus. Esses traziam da Europa, além da força de trabalho, os ideais anarquistas e sindicais. Surgiram, então, as primeiras organizações trabalhistas. Com o passar dos anos e os avanços das legislações internacionais de proteção ao trabalhador, passaram a eclodir movimentos grevistas em território brasileiro. As reivindicações trabalhistas ganharam força a partir de 1900, levando o Governo a adotar diversas ações, inclusive repressivas, que visavam controlar o movimento sindical.
A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em 1943, trouxe regramentos aos sindicatos, normatizando seu funcionamento. Impediu-se, assim, que sindicatos anarquistas e comunistas crescessem, garantindo apenas aos sindicatos reconhecidos pelo Governo Federal os direitos então instituídos, como férias e salário mínimo. Estava constituída, então, a estrutura sindical brasileira: vertical e subordinada ao Estado.
Ainda assim, nos anos seguintes, o movimento sindical voltou a ganhar forças, rompendo com a estrutura verticalizada, e focando na luta da classe trabalhadora, tanto na área urbana quanto na rural, incluindo pautas de reivindicação como a reforma agrária. Então, concretizou-se como medida repressiva o Golpe Militar de 1964, dando início a uma fase conhecidamente espinhosa aos trabalhadores.
Nos anos 80, com o desgaste do regime militar e a ascensão de novas consciências sociais, novamente, o movimento sindical passou por transformações, porém, até os dias de hoje, ainda mantém seu reconhecimento e normas gerais de funcionamento atrelados ao Estado, com representação hierárquica e protocolizada.
E é por isso que os modelos atuais de sindicatos não atendem nem inspiram confiança à grande parte dos trabalhadores. Para além de meras entidades representativas, é tempo de os sindicatos se voltarem às suas bases (os trabalhadores) e perceberem suas reais demandas, retomando sua liberdade de atuação, atendendo a princípios éticos de condução de movimento coletivo, e aprimorando os tradicionais conhecimentos e práticas já defasados, renovando-os e fortalecendo a luta da classe.

É simples concluir quem é o sindicato: “você, eu, vocês, nós todos”. Um conjunto de trabalhadores que, juntos, garantem melhorias e justiça das condições sociais.

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